...Testemunhos do Caminho...XXIX.ª Peregrinação...



"Terminei uma caminhada que não pensei conseguir. Na noite anterior não estava com vontade nenhuma de iniciá-la, de ter que acordar cedo e passar o dia inteiro a andar… Talvez estivesse com medo do desconhecido, com medo de me defrontar comigo própria e de ter que encarar os meus problemas. Mas rapidamente mudei de opinião. Quando vi o sol nascer e a boa disposição do grupo explodir apercebi-me que iam ser quatro dias intensos e bem vividos.
Peregrinar até Fátima com esta Família de EMRC da Escola Secundária de Peniche é uma experiência que guardarei para toda a minha vida. Sinto que precisava mesmo de percorrer um caminho baseado na descoberta da presença viva de Jesus Cristo, a experimentar a inspiração divina do Espírito Santo;
um caminho de vida até Nossa Senhora de Fátima.
A caminhada pode ter sido dura e marcada pela angústia de cada subida, as dores podem ter sido imensas, as lágrimas podem ter escorrido pela cara, mas um sorriso no rosto do outro, cada braço dado para ajudar e cada palavra de força compensaram tudo.
Quando ouvia os meus colegas dizerem que quando ajudavam alguém nem se lembravam que também tinham dores julgava que era tudo uma grande treta. Sim, uma grande treta! Mas agora que também eu experimentei este caminho, acredito que é isso mesmo. De cada vez que estendi um braço a quem precisava não senti mais as minhas dores, não me lembrei mais que os joelhos estavam a fraquejar, a virilha a doer, os tendões dos pés aos puxões. E isto porque sabia que quem caminhava agarrado a mim não o conseguiria fazer se eu não estivesse ali, se eu apenas me estivesse a importar comigo.
Tal como a Peregrinação, a nossa vida é feita de altos e baixos e só com determinação e persistência somos capazes de ultrapassar os obstáculos e atingir os nossos objetivos. É claro que tudo é mais fácil quando temos amigos que nos acompanham e nos ajudam, tal como temos uma equipa de apoio quando peregrinamos.
Foram quatro dias de pura união e familiaridade. Em Fátima aproximei-me de pessoas com quem não tive oportunidade caminhar lado a lado, percebi o porquê das atitudes de algumas pessoas, conheci um lado delas que desconhecia totalmente.
Estou-me a alongar um bocadinho, mas é porque não partilhei nada quando tive oportunidade e queria fazê-lo. Mas algo parecia impedir-me de partilhar. Hoje percebi porquê. Depois de tantas pessoas que deixaram uma marca na minha Peregrinação, uma pessoa muito próxima tinha de deixar uma marca ainda maior. Na chegada a Fátima não tinha lá a minha família, não pôde ir… No último dia, na hora da despedida, em Fátima, perguntei-me o que é que a minha mãe estava a fazer em frente a um microfone a tentar falar para mais de uma centena de pessoas e desatei a chorar quando ela disse o sacrifício que fez por mim. Nunca a tinha abraçado assim. Nunca senti uns braços apertarem-me tanto. Foi o melhor abraço que recebi até hoje. Eu que nem sou muito de "lamechices" desatei a chorar ali, abraçada à minha Mãe.
Das duas intenções mais fortes que levava, as duas foram cumpridas.
Poderei ainda dizer tanto sobre este caminho – Testemunho, Fé, Ousadia, Compromisso, Amor, Entreajuda, Amizade, Partilha, Encontro, Procura - e será sempre pouco! Porque existem momentos nas nossas vidas que as palavras jamais traduzem. Aqui caminha-se com o coração, pois é ele o único que pode entender este caminho que é tão lindo e único, um caminho a ser mais gente!
À parte disto, um grande obrigado a todos os peregrinos, à incansável equipa de apoio (não tive oportunidade de agradecer a toda) e aos professores. Mas sobretudo um grande obrigado àqueles que me deixaram fazer parte da peregrinação deles e àqueles que fizeram parte da minha peregrinação."
Adriana Martins Anjos
12.º Ano

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